Os PFAS são utilizados há décadas no vestuário e noutros têxteis para repelir a água, a gordura e a sujidade e para proporcionar estabilidade térmica e durabilidade. A utilização de PFAS é preocupante devido à sua persistência e aos impactos negativos de muitos PFAS no ambiente e na saúde humana. Por outro lado, a presença de PFAS nos têxteis pode constituir um obstáculo à sua reutilização e reciclagem, influenciando negativamente a transição do setor para uma economia mais circular.
Estima-se que existam mais de 10.000 compostos de PFAS. A maioria destes compostos foram ainda pouco estudados e desconhecem-se os efeitos para a saúde e para o ambiente. No entanto, os estudos demonstram inequivocamente os perigos associados a esta família de substâncias: têm o potencial de contaminar a água potável, os ambientes interiores e o ecossistema em geral. A vida selvagem e os seres humanos estão expostos a um grande número de compostos PFAS, com múltiplas consequências para a saúde incluindo desregulação endócrina e cancro.
O barómetro europeu de biomonitorização disponibilizou conclusões sobre análises de sangue de adolescentes em 9 países da UE e em todos eles existem já percentagens significativas de jovens com níveis de PFAS no sangue superiores aos níveis considerados seguros. Esta situação tenderá a agravar-se devido à elevada persistência dos PFAS que não são eliminados pelos organismos e vão bioacumulando ao longo do tempo.
Sendo os têxteis uma das principais fontes de exposição a PFAS é preocupante o crescimento da produção e consumo de têxteis que, para o europeu médio, era já em 2020, de 14,8 kg (por ano (EEA, 2022) o que torna a transição para soluções alternativas extremamente urgente.
Neste contexto, é fundamental prevenir a utilização de PFAS nos têxteis. O relatório da Agencia Europeia do Ambiente agora publicado ( e que pode ler AQUI na integra) conclui que a utilização dos PFAS, na maior parte dos têxteis, não corresponde a uma necessidade técnica. Exceptuando alguns usos muito específicos (como as fardas dos bombeiros) existem atualmente inúmeras alternativas aos PFAS que permitem prevenir o seu uso e tornam injustificável a situação atual.
De crucial importância também é o tratamento dos resíduos têxteis contendo PFAS. A obrigatoriedade de recolha separada dos têxteis a partir de janeiro de 2025 é uma medida chave, mas é necessário investimento em sistemas de triagem que permitam separar os têxteis contaminados com PFAS para um tratamento seletivo. As práticas atuais não são suficientes e a tecnologia precisa evoluir para tornar eficiente uma utilização em larga escala, sob pena de os PFAS continuarem a ser um obstáculo à circularidade da economia europeia.